Perdão
(Duda)
É tão longe daqui
Quantas milhas
Lá pra onde eu quero ir
Não há trilhas
Mapas e nem direção
Eu não vejo um sinal
Nem nas linhas da palma da mão
Meu instinto cego sai perambulando a esmo
Esse cão vem farejar até no interior de mim mesmo
Pelas veredas secretas sem luz
Becos do meu coração
Vem libertar sentimentos que eu pus
Numa perpétua prisão
Meus segredo estão nus
Pelos bares
Tantos cacos de tabus
Pelos ares
Eu já me sinto melhor
Nem saí do lugar
Vejo o mundo mudar
Ao redor
Meu nariz agora aponta o rumo que eu quiser
Só que eu não imaginava me encontrar com essa mulher
Na minha estrada cobrando um perdão
Isso eu não posso pagar
Peça outra coisa que eu não direi não
Porquê eu preciso passar
Aqui bem dentro de mim
Já semeei um perdão
Vai florescer um jardim
E eu te darei um botão …
O Jabuti e a Tartaruga
(Duda)
O jabuti corre mais do que o coelho
E a tartaruga passa no farol vermelho
Você viu a tartaruga passar correndo por aqui ?
A gente viu essa maluca ultrapassando o jabuti …
O jabuti é rico e comprou uma Ferrari
Mas a tartaruga tem motor de McLaren
Refrão
O jabuti tem medalha de atleta
Mas a tartaruga tem uma bicicleta
Refrão
O jabuti é rápido, é mais do que má notícia
E ela parece até que ‘tá fugindo da polícia
Refrão
Ela passou já faz mais de uma hora
Mas a sombra dela ‘tá passando só agora
Com a língua de fora
Refrão
Lulu
(Duda Ferreira)
Você adora
Um carinho e comemora
Se eu fico contente
Aqui e agora
Seu tempo é meu presente
O seu abraço me escolta
E mesmo se você me solta
Eu fico grudado
À sua volta
O mundo é encantado
Bom dia ! Você me deseja
Na cama traz um café
Com alegria de flor que me beija
Você é minha mulher
Me seduz
Me dá prazer de viver
Que luz ! Oh maravilha !
A minha estrela brilha
Pra que eu possa te ver
Meu aconchego
Luxuoso, um colo meigo
É o meu oásis
No seu sossego
Com o mundo, eu faço as pazes
Muito além do meu horizonte
Uma saudade ofegante
Chega no telefone
Tão elegante
A voz falando o meu nome
Alô, alô, meu amor como vai ?
Você é tudo o que eu quis
Por onde você for
Meu coração vai atrás
Eu sou um homem feliz
Manifesto
(Duda Ferreira)
Eu não tenho pai
Chão, nem de baixo do meu pé
Mas tenho uma paixão
Fá, sol, lá si, do, mi, ré
Não quero compaixão
Isso não vai resolver
Nem cadeia ou caixão
Só quero viver
Tanta educação
Fabricando infrator
Eu quero ficar são
E salvo enfim, da dor
Minha convocação
Não é pra fuzil, ouviu ?
Pra modificar
São Paulo e o Brasil
Aluno, professor
Nossa mobilização geral
Já começou
É hora de agir: ação !
Eu grito porquê sou
Contra essa lição e não
Vou deixar o opressor
Dar a educação !
Saudade de Você
(Duda)
Saudade de você
Selvagem coração
Se o amor não que morrer
Só o que falta é seu perdão
Sal, no feijão com arroz
Céu é o colchão com nós dois
Cio é o tesão do animal
Sol é verão, carnaval !
Dei minha viola pelo aspirador de pó
Só quem me consola é Chitãozinho e Xororó
Tenho inveja dos casais
Passeando de mãos dadas
Eu prometo nunca mais
Mijar fora da privada !
Refrão
Vem ficar comigo
Eu juro que não
Viverá com seu umbigo
Encostado no fogão
Todo amor do seu careca
Será eternamente seu
Nunca mais minhas cuecas
Vão ter rastro de pneu !
Refrão
Meu amor, me ouça
Não tenho outra mulher
Aprendi lavar a louça
E acabou o meu chulé
Até cama de solteiro
Para mim, ficou ‘tão larga
Quando vou lá no banheiro
Sempre cago e dou descarga !
Refrão
Teus Planetas
(Duda – Oswaldo Gregório)
Teus planetas azuis
Se iluminam
São dois fachos de luz
Do meu imã
Eu sou o farol
O teu rouxinol
Cantando o meu sol
Maior
Num samba multicor
Eu canto o nosso amor
Num samba multicor
Eu canto o nosso amor
Vem fazer do meu leito
O teu berço
Que eu farei do teu peito
O endereço
Do meu coração
É o meu violão
Tocando a canção
De amor
Que só pra ti eu fiz
Só pra te ver feliz
Que só pra ti eu fiz
Só pra te ver feliz
Samba dos Bichos
(Duda Ferreira)
A cobra quis tocar violão
Disse pra raposa: – traz o seu bandolim
A tartaruga é boa na percussão
Veio c’o pandeiro, surdo e o tamborim
De madrugada quando o galo chegou
Cocorocou
No ritmo do acordeom
‘Tava tão bom
Que até a sapo foi dançar com a rã
Que vontade da onça que o samba fosse até de manhã.
Um cão latindo fora do tom
E a bicharada se alvoroçou
Foi o final da festa e o som
Vinha das armas de um caçador
O gato é filhote do leão E a lagartixa é o bebê jacaré
Foi a pata que pariu o pavão Quando o macaco se casou c’a mulher
Em nove meses, o bebê berrou
– Quero mamar, eu quero aquela vaca pra mim
Foi assim, Agora a fera ‘tá gulosa demais
Ela caça e o dinheiro é que come todos os animais
Ataca a toca e cata o tatu
Na mata, mata tamanduá
Não vai sobrar nem um urubu
Essa matança tem que acabar
Peixe boi, gavião
Anta, preguiça, guariba, mico-leão
Jaguatirica, guará
Ariranha, arara, sabiá
Mono carvoeiro, sauá, sagüi
Veado campeiro
Jacu, macuco, jabuti
Papagaio, pica-pau
Periquito, pixoxó
Pão e Circo
(Duda Ferreira)
Só eu fiquei de pé
Entre os escombros da derradeira ilusão
Na tumba da fé
Eu vou quebrar as costelas
Rachar o peito e abrir o meu coração
Pra gritar que o rei ‘ta nu
E sustentar o delírio
A tribo dos cegos
Matou o bebê que enxergou a luz
E até quem usou a cruz foi cruel
Eu creio no céu onde estou !
E até quem usou a cruz foi cruel
Eu creio no céu onde estou !
Vida, sonho, arte, eu sei …
O estandarte da liberdade não é leve
Os heróis ajoelharam-se na lama
Pra dizer amém
E agora José
Vai beber cerveja, pinga e ver televisão
‘Cê vai jogar bingo, ir no shopping ou vai discutir futebol
Pode ir no puteiro e até votar na eleição
Vai … vai ver o circo e pegar o pão
Vai adorando os deuses ateus
Que em mim há um Deus sonhador …
Vai adorando os deuses ateus
Que em mim há um Deus sonhador …
Máquina Indisciplinada
(Duda Ferreira)
Máquina indisciplinada
Eu sou um problema de alma, carne e osso
Podem me deixar desempregada
Dar um cala-boca ou me jogar no calabouço
Não vou deixar ninguém botar algema no meu crânio
Nem minha boca ser refém de algum dinheiro
Ter aparência de um robô mais espontâneo
E o meu salário me arrastar pro cativeiro
Liberdade !
Estamos numa jaula
Os animais se matam por mais um centavo
A juventude paga na sala de aula
Pela lição pra se vender como um escravo
Fraternidade, hoje é só caricatura
E o desespero do poeta busca um rastro de utopia
A igualdade já nasceu na sepultura
Mas eles jamais vão fazer do amor
Mercadoria !
Jazz do Boi
(Duda – Oswaldo Gregório)
Minha vaca tinha um namorado
Que se apaixonou por um veado
Ele deixou sua noiva
Eu só sei que foi
O maior cu de boi
Ele era o rei do curral
Mas outro animal
Surgiu no matagal
Há quanto tempo não o vejo
E a minha vaca foi pro brejo
Tão triste ela vive
Sem o boi
Que se foi
Ficou livre
Viu um par de chifres
E foi atrás … foi atrás …
Lá no matadouro
O gado tem carrasco
Ele quer mandar o touro
Pro churrasco
Mas o boi não era besta
E resolveu deixar o gado
Pra viver lá na floresta
Com o veado ….